miércoles, 23 de enero de 2008
Farc: terrorismo ou revoluçao?
Crianças brincam sobre estátua de mula cafeteira, na cidade de Armênia
A Colômbia tem várias belezas e faces. Mas náo dá pra pisar em solo tropical sem falar da guerrilha.
As Farc nasceram com uma moral marxista, romântica, nos anos 60. Mas o que se vê hoje é uma milícia de mais de 40 mil homens, que se mantém a custo de sequestros, extorsao de fazendeiros e de traficantes. Revolucao se faz quando se tem o apoio do povo. E náo ouvi nenhum colombiano em minhas conversas que apòie um grupo que sequestra pessoas durante 10 anos, coloca bombas em lugares públicos e alista parcelas da populaçao por pressao. Por outro lado, terrorismo pode ser definido pela prática militar sobre populaçoes civis. Além disso, se fosse necessário, eles produzem cocaína, além de se beneficiar dessa cadeia de poder paralelo. Na cola deles há outros grupos nao menos perigosos, o ELN, menor mas náo menos letal, e os Paramilitares, mercenários bancados pela oligarquia do campo que se desmobilizaram. Fora os autênticos narcos, traficantes de drogas por convicçao.
Complicado esse país. E ainda há uma imagem simplista desses grupos. Nao se pode arrebentar com todas essas organizaçoes invadindo os territórios ocupados por eles. Afinal há camponeses, indígenas, sequestrados e soldados trabalhando sob forma de obrigaçao. E como me disse uma vez um espanhol sobre o ETA, até os terroristas "sáo cidadaos".
Náo é fácil defender a democracia sendo um Estado criticado por todo o mundo. Álvaro Uribe, de direita histórica, me parece fazer um mandato correto nesse ponto, pressionando a ilegalidade até os limites da lei. Mas nessa política carrega o estigma de dificultar a negociaçao de cerca de 500 sequestrados políticos pelas Farc...
A Colômbia sofre, o mundo se divide. Por isso, a libertaçao de duas senhoras pode representar o começo de uma nova história. Resta saber qual.
Nos próximos posts, conto a incrível história do menino Emmanuel, nascido refém da guerrilha, e o papel do fanfarráo Chávez no seu processo de paz bolivariana.
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